Trauma Primordial

“… melhor parte do caminho é quando a gente vai se encontrando.” Mário Quintana. FOTO: http://backgroundsarchive.com/backgrounds/10300

O trauma faz parte da sobrevivência do ser humano, constituído de zero a três anos, mas como não recordamos esse período, podemos observá-lo como foi consolidado através das reações que se processam durante nossa existência.  Reações de maior ou menor intensidade diante de acontecimentos repetitivos no decorrer da sobrevivência. Os traumas nos levam a desestabilizações de várias ordens porque estamos diante de situações em que reagimos, inconscientemente, e assim nos causam dores, podendo ser fisiológicas, emocionais ou sentimentais.

Meu trauma primordial está relacionado ao arquétipo materno, em que a rejeição e abandono fazem parte de mim.

Quantas e quantas vezes me senti abandonada, em diversas ocasiões e acontecimentos. Abandono de todas as formas, que faz parte dos meus sentires, colocando-me de lado, incapacitando-me, sentindo-me indiferente em relação aos meus potenciais, pois nesses períodos não os tenho, não os observo.  E assim vai se repetindo sutilmente, desde minha constituição até hoje, por não saber de mim. Permeia-se minha existência com dor, dor do abandono, do desamparo.

Potencializando-se o medo, levando a gerar pensamentos de autorrejeição e de autodesqualificação, não me sentindo digna de receber afeto ou ser compreendida e com isso isolando-me, criando uma barreira, sendo evasiva, não me aprofundando nas amizades, nos relacionamentos, por achar, inconscientemente, que de uma hora para outra poderia ser abandonada, estando assim, na maioria das vezes, na defensiva.

Que é esse “monstro” que vai e vem?  Que modifica, que reage cada vez que meu cérebro o identifica por meio de algum estímulo externo e se torna animado para a impulsividade? Que é imprevisível, armando-se ora de ataque, ora de defesa ou de fuga?

Agora, observo que esse comportamento está pautado na infância, pois desde pequena essa dor me permeia por “sentir” que, em vários momentos, estava sendo abandonada pela minha mãe (não que ela tenha feito isso).

E conforme fui crescendo, em situações diversas, foi ocorrendo esse sentir. Senti abandono de amigos, familiares, de pessoas mais próximas com as quais tenho laços mais estreitos, criando assim o isolamento, o não aprofundamento nas convivências.

Com as informações e estímulos do Tempo de Ser, comecei a observar minhas movimentações cíclicas, percebendo o quanto vejo e sinto de maneira distorcida tudo que está em mim e à minha volta, criado por uma mente psicologicamente infantilizada e inconsciente do ser que sou.

Com a oportunidade de “olhar” para o ser que estou, fica evidente a necessidade cada vez mais de exercitar a auto-observação, a autoaceitação, o encontro comigo mesma, tendo mais clareza e ciência das minhas movimentações comportamentais.

Considero oportuno destacar, como reflexão, um trecho do livro Prisioneiros da Infância: “Tal tarefa é íntima e intransferível, demanda esforços próprios para romper com a natureza das relações dependentes, até então estabelecidas, e passar para outro âmbito de consideração: o de reconhecer-se como alguém apto e capaz de cuidar de si mesmo”.

                                                                                                                  Dervile Bócca – NA-BGU


Contos e Autoencontros

A não compreensão e entendimento do mundo interior levam-nos à busca de efetivar meios de auto-observação, para que fiquem visíveis atitudes e sentimentos que nos movimentam. Um dos meios para observarmos nossas movimentações é a descrição do nosso percurso como educador de essencialidades. O texto publicado anteriormente é uma autodescrição resultante de um projeto elaborado pelos Educadores de Essencialidades do Núcleo de Aprendizagem de Birigui do Sistema Tempo de Ser, dentro da atividade do grupo vespertino de Prática de Inteligência Mediúnica. O projeto tem como proposta a exposição ao meio social das repercussões dos estímulos de autoaprendizagem aos educadores de essencialidades nos ambientes do Sistema Tempo de Ser. Durante sua execução, tem sido considerado que o “autoencontro” pode ocorrer a partir da auto-observação e autodescrição dos “Contos” (história imaginada) que permeiam a existência humana.

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