Tempo, duração relativa de coisas e eventos que se sucedem,
Linha que tece as inúmeras camadas dos espaços,
Espaços marcados por inúmeros passos de uma busca infindável por tempo,
Para que o tempo nos dê tempo de escrever a parcela de nossa história,
Antes que a Moira possa romper a linha de nosso tempo no esquecimento da morte.
O tempo tem história,
O tempo tem princípio e fim,
O tempo tem continuidades, descontinuidades, simultaneidades,
Tem necessidade de que nele haja existência,
Tem necessidade de que nele a existência se torne essência.
Eis a natureza do tempo, existência e consciência.
O tempo é cada sinal mínimo de existência da partícula mais simples,
Até o espécime mais complexo,
Por isso cada existência é o próprio tempo que, em sua relativa idade,
Constitui o grande tempo de toda nossa história na simultaneidade da vida.
Tempo, concepção do Kaos, de certo vazio primordial,
Vazio este que pertence ao útero da vida,
Pois a vida é – por natureza – originalidade,
E nela só cabe a unidade que se concebe
Pela autenticidade de um terreno ainda não criado.
Eis por que o tempo é tempo,
Há nele a necessidade de percorrer até a originalidade que o gerou,
Por isso atravessa o princípio subatômico até à síntese embrionária,
Percorre as formas mais simples até a consciência humana, para reverberar para si seu tempo,
E em seu tempo ser o seu próprio tempo,
O tempo de ser.
Fabiano Fidelis de Souza
Educador do Núcleo de Aprendizagem de Maringá/PR
*Moira – Também traduzida como destino, é uma das três irmãs que na mitologia grega é responsável por cortar o fio da vida.
*Kaos (Χάος) – O primeiro deus apresentado na obra Teogonia de Hesíodo. Entre os significados atribuídos ao termo Kaos ou Caos utilizamos para a poesia vazio primordial ou primeiro vazio, .