O Ser Humano que contava moedas

Em vista das autoexclusões apresentadas no Núcleo de Aprendizagem de Bauru-SP, em sua grande maioria provenientes das dificuldades do Educador de Essencialidades em administrar recursos financeiros, o Educador que conhecemos como Carlos solicitou aos participantes da Prática de Inteligência Mediúnica que fosse criada, em grupo, uma fábula cujo título seria “O Ser Humano que contava Moedas”.

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Foto: pixabay.com

Nessa linha de pensamento, o Educador direcionou o grupo com algumas questões:

Por que preciso ser validado?

Por que é tão complexa a gerência de recursos?

Quais os recursos que você tem para gerar moeda?

Que tipo de recursos eu tenho em mãos?

Quais recursos me passam despercebidos?

Aonde a sua profissão poderia levá-lo?

Como você pode multiplicar aquilo que você faz?

Quem consegue executar sem submissão?

Executo quando estou submetido a alguma coisa?

Quem cria muito mentalmente e tem dificuldade de traduzir para o físico?


Para realização da tarefa, a Educadora de Prática de Inteligência Mediúnica (PIM II), Roberta Beatriz Nascimento, ofereceu os seguintes recursos a fim de estimular o grupo:

Conceito de Fábula: 

Fábula é uma composição literária em que os personagens são geralmente animais, forças da natureza ou objetos, que apresentam características humanas, tais como a fala, os costumes etc. Estas histórias são geralmente feitas para crianças e terminam com um ensinamento moral de caráter instrutivo.

A fábula teve a sua origem no Oriente, onde existe uma vasta tradição, passando depois para a Grécia, onde foi cultivada por Hesíodo, Arquíloco e, sobretudo, Esopo. Neste período o gênero ainda pertencia à tradição oral. Foram os romanos, entre os quais sobressai Fedro, que inseriram a fábula na literatura escrita.

Cada animal simboliza algum aspeto ou qualidade do homem, como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho; é uma narrativa com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados ou objetos, a fábula recebe o nome de apólogo.

Além do conceito de Fábula, foram trazidas informações, já identificadas nos ambientes do Sistema Tempo de Ser, sobre o ser humano:

  1. O ser humano é um padrão de comportamento – AUTÔMATO – MATERIALIZAÇÃO DA LEI DE SOBREVIVÊNCIA.
  2. A Psique Inconsciente funde-se e confunde-se com a forma de vida humana.
  3. Move-se unicamente com base no Sistema de Autoimagem. Arquétipo central: Criança Psicológica.
  4. Capta informações (além dos educadores) do Inconsciente Coletivo.
  5. Poderiam também ser chamados de Cérebro – os cinco sentidos corporais.
  6. Ataca, defende e foge.
  7. Tem medo.
  8. Move-se baseado em crenças (superstições, feitiços e magias). Imaginar faz parte do processo de autoaprendizagem psíquica.
  9. É portador de fluxo pensante contínuo e desorganizado e influenciado pela sexualidade.
  10. Tem como desafio transpor suas barreiras: conceituais, zona proibida sexual, aprisionamento infantil, padrões organizados do comportamento humano, ciclos de sobrevivência.

Por fim, foi iniciada a elaboração da fábula respondendo individualmente as seguintes questões, sendo certo que a orientação era para que cada Educador respondesse o que primeiro viesse à mente:

  • Por que o ser humano contava moedas?
  • Quando o ser humano contava moedas?
  • Para que o ser humano contava moedas?
  • Como o ser humano contava moedas?

Após a leitura das respostas de todos os presentes, após os debates e discussões, iniciou-se a construção da fábula que segue para leitura.

 

Esperamos que as reflexões sejam tão produtivas quanto foram para todos nós!

Ei-la!

 

Fábula: O ser humano que contava moedas

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Foto: pixabay.com

Em uma floresta muito distante morava uma cobra de pele dourada. Rastejando silenciosamente pela relva, era sempre muito eficiente na busca por alimento. Orgulhava-se tanto da sua eficiência, que se dava ao luxo de avisar a presa antes do bote, zumbindo seu guizo no ar, como a dizer “ouse escapar de mim!”.

Por onde passava era tratada com respeito (e também muito medo!) pelos animais, que tremiam só de pensar nas suas presas venenosas, seus movimentos precisos e meticulosamente calculados.

Não obstante, ela mesma se via de uma forma muito diferente. Tinha na memória fragmentos de imagens da sua infância, onde seus pais voavam livres, desfrutando da imensidão do céu infinito. Estas lembranças difusas, porém muito vivas, a incomodavam muito. Não compreendia porque era a única da família que ainda rastejava, e se considerava inadequada e inferior a seus irmãos, por ainda não ter aprendido a voar. Olhava para suas lindas asas, e se perguntava por que elas ainda não a haviam levado para o alto.

Certo dia farejou um ninho cheio de ovos, na forquilha de uma macieira baixa, e esgueirou-se sorrateiramente pelos galhos, em direção ao seu apetitoso jantar. A ponto de dar o bote nos ovos, aproximou-se o beija-flor, dizendo:

– Olá, amiga, em que lhe posso ser útil?

– Caia fora, que vou saborear os seus ovos!

Foto: pixabay.com/
Foto: pixabay.com

– Ah, sim, estou vendo… porém, eu tenho algo que lhe pode interessar mais do que os ovos – replicou o beija-flor, em tom de mistério.

A cobra parou por um instante e perguntou curiosa:

– E o que poderia ser? O que você tem, para oferecer-me, melhor do que ovos?

– Ora, pois sou mestre na arte do voo… nenhuma ave voa com a graça, a leveza e a rapidez de um beija-flor. Fiquei sabendo que você está com certa dificuldade em usar as suas asas, e então… se você não comer os meus ovos, e ainda me pagar uma certa quantia, ensiná-la-ei a voar.

Ela parou, surpresa demais para responder qualquer coisa, enquanto lembrava da sua mãe graciosamente voando ao redor do ninho, trazendo-lhe alimento. Abrindo o sorriso mais largo que pode, respondeu:

– Pois voar é meu sonho de infância! Faria tudo para poder aprender! Sério que você seria capaz de me ensinar?

– É claro, minha amiga! Que sentido há em ficar aí rastejando, enquanto você possui esta linda envergadura? Vou lhe ensinar todas as técnicas que conheço, inclusive uma que só nós os beija-flores sabemos, que é ficar parado em pleno ar: um luxo!

O beija-flor fez uma pausa calculada, e depois continuou:

– Tudo isso, claro, se não comer os meus ovos e ainda me pagar a quantia de mil moedas.

Negócio fechado, a cobra saiu saltitante pela floresta, não cabendo em si de alegria. Ao passar diante do buraco da coruja, esta lançou lhe um olhar encorujado e perguntou, mal humorada:

– Aonde vai com tanta alegria, senhora cobra?

– Finalmente achei alguém que vai me ensinar a voar… vou bater minhas lindas asas no firmamento, tal qual Ícaro!

Surpresa, a coruja perguntou, em tom de deboche:

– De que asas você está falando?

– Das minhas, retrucou a cobra, coruja ignorante!

Sem nada dizer, a coruja deu um giro de 180 graus em seu pescoço, deixando a cobra ali com suas ilusões rasteiras.

A conversa com o beija-flor deixou a cobra obstinada. Saiu pela floresta pensando em mil maneiras de juntar a quantia necessária. Contou as moedas que tinha na sua casa, separando-as em montes de 10, verificando que eram insuficientes e que o desafio seria grande. Mas ela só pensava em como angariar recursos para atingir as mil moedas.

A primeira ideia que teve foi colher todas as flores da floresta e, depois, vender o seu néctar aos pássaros. Porém sua mandíbula, pouco adaptada a colher flores, acabava por inocular, em si mesma, parte do próprio veneno ao morder o caule das plantas. Isto lhe causava certa embriaguez e mal-estar, porém, ela continuava firme no seu propósito.

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Foto: pixabay.com

Colhia e vendia flores em três turnos de trabalho, sem descanso e sem dormir. Todos os dias contavam as moedas, uma a uma, depositando-as em uma caixa de madeira, forrada de veludo vermelho e com filetes dourados na borda.

Penhorou também todos os bens que possuía, em troca de mais moedas. E por ainda considerar que faltava muito para seu objetivo, decidiu vender parte do seu próprio couro para um esquilo que fabricava sapatos. Assumindo que seu guizo não seria mais necessário, acabou vendendo-o para entretenimento dos filhotes da onça.

Com o tempo, não havia mais flores em toda a floresta, pois as mudas haviam sido arrancadas por ela mesma, e então chamou outros animais e fundou uma associação, cobrando mensalidades adiantadas, com a proposta de compartilhar seus conhecimentos das técnicas de voo, assim que ensinadas pelo beija-flor. Como último ato de desespero, contraiu um empréstimo bancário, com o qual conseguiu finalmente somar as mil moedas.         

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Foto: pixabay.com

Naquela noite mal conseguiu dormir. Acordou antes do nascer do sol, e carregando a pesada caixa de madeira com as moedas, subiu a montanha íngreme por três horas, até o ponto combinado com o beija-flor, local em que seriam ministradas as aulas.

Pagando a quantia em moedas, recebeu ali mesmo as instruções teóricas, que o beija-flor explicava com toda paciência, sob o atento olhar da cobra.

Findas as orientações, sob comando do beija-flor, a cobra preparou-se para o seu primeiro voo, seu momento de glória. Aproximou-se da beirada do precipício e, confiante, pulou.

 

Moral da história: Para quem não sabe o que é, qualquer abismo serve.

 

 

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