A proposta para um propósito
Recebi uma proposta que, atualmente, tenho nomeado de estímulo, de uma educadora e amiga, para que eu escrevesse algo para o blog do “Sistema Tempo de Ser”. No momento questionei: “Eu? Escrever o que exatamente? É sobre mim?”. Com este pensamento e sentinela (o cérebro) sempre alerta, cumprindo com sua função de sobrevivência (no caso, emocional), logo fui justificando minha correria da rotina diária e que não saberia se conseguiria fazer isso em três dias – prazo que me foi informado. Ao mesmo tempo, senti uma necessidade muito grande de fazê-lo e algo em mim dizia: “Que oportunidade para se expressar! Faz sim! Você dá um jeito!”.
Nesse momento, pude observar mais uma vez o conflito interno, mecanismo que me deu a oportunidade de sobreviver até aqui, e que agora estou tentando descrever. Aliás, talvez este tipo de conflito “falo ou não falo?” seja o que mais me movimenta. O meu sentir estimula o seguinte pensamento: “Preciso expressar o que sinto, mas posso ser condenada por isso!”.
A partir da observação deste conflito fiquei me questionando se a minha vontade de escrever um texto para o blog seria apenas para ser vista pelas pessoas, principalmente pelos integrantes do “Sistema Tempo de Ser”, para que considerassem a minha importância, mesmo eu estando participando destes ambientes há tão pouco tempo. Ao fazer esta pergunta, fiquei pensando o quanto esse mecanismo de chamar a atenção é realmente necessário. Até agora, este mecanismo me fez tentar conseguir a atenção de algo externo, pois ainda não sou nada para mim mesma, mas que, a partir de informações e estímulos, nos ambientes “Tempo de Ser”, começo a considerar a necessidade deste movimento de chamar a atenção, mas não de algo externo.
Considero a necessidade de chamar a minha atenção para mim mesma. Eu preciso me “ver”! Além disso, tudo o que exijo dos outros – atenção, importância, aceitação – eu é que preciso oferecer a mim mesma ou, pelo menos, para a pessoa constituída que me trouxe até aqui e em que me manifesto neste tempo e espaço, pois ela é o único mecanismo que sinto como “palpável” para ser observado neste momento em que não sei “quem” ou “o quê” realmente sou. Umas das propostas realizadas nos ambientes do Sistema Tempo de Ser e que mais tem chamado a minha atenção, no momento, é a proposta de adoção. Principalmente, por mais uma vez não ser referente a algo externo a mim, como a adoção de uma criança ou outro ser, mas a adoção de mim mesma. A adoção da “menina Daniene”, como tenho sido estimulada.
Considerando toda essa movimentação de estímulos, sentimentos e disposição de olhar para o mecanismo que me manifesta, que agradeço a sensibilidade da educadora e amiga Dilma por mais este ambiente oportuno para autodescrição. Portanto, como acredito, baseado em um sentir que não sei definir que meu foco é o autoconhecimento, decidi aproveitar e abraçar esta oportunidade como mais uma maneira de aprender a conviver com a criança que estou adotando: a minha criança interna.
A descrição de todo este texto, independentemente da interpretação do leitor, foi de significativa importância para mim por poder expressar algo que sinto, como sempre busquei, mas não para os outros, para mim mesma. Ele me permitiu observar e iniciar a consideração de que a condenação, que eu tanto temo, só existe na minha realidade interna. Se o texto acrescentar algo ou ser estímulo para outras inteligências, será por consequência. Agradeço a todas as sensibilidades que, em conjunto, materializam o “Sistema Tempo Ser” para que possam ser criados ambientes de autoaprendizagem e de autoencontro para exercermos o direito de saber – simplesmente “SER”. Continuamos…
Daniene T. C. Ribeiro
Educadora de Essencialidades – Ciclo I
Núcleo de Aprendizagem de Birigui
Sistema Tempo de Ser – Educação de Essencialidades