Tema: Conceitos e Preconceitos
Texto 01: Conceitos
Título: Flores
Em uma tarde, ao final de maio, eu completava mais um ano de vida, estava brincando no quintal de minha casa, quando ouvi alguém me chamar, era minha mãe, ao correr até o portão ela mesma me entregou um vaso de flores brancas, margaridas plantadas em um vaso que se encaixava em um chapéu de palha, vi um laço e um cartão. Lembro-me de sentir emoção, uma sinergia de surpresa e admiração, estes sentimentos duraram poucos segundos, até eu abrir o cartão e constatar que quem me enviou as flores fora meu pai.
As flores eram meu presente de aniversário, fiquei desapontada por vários motivos, o principal deles foi sentir que um momento especial me foi roubado, pois eu, intimamente, esperava receber as primeiras flores de minha vida de algum namorado ou admirador. Logo em seguida deixei as flores sobre a televisão, dentro de alguns dias elas secaram, pois não lhes dediquei cuidado algum.
Penso hoje que antes ou depois dessa ocasião meu pai não enviou flores para minha mãe ou minha irmã, isso me tornou especialmente inadequada, pensei várias vezes sobre o que levou meu pai a comprar-me flores, qual o motivo de ter somente eu recebido?
Não sei quais sentimentos despertei em minha mãe, senti-me desconfortável, era como se algo não estivesse certo, pensei que as flores deveriam ser para ela por ser a esposa de meu pai.
Eu cresci com um conceito sobre flores, formado na infância, tão logo iniciava um relacionamento já dizia: Não gosto de flores! Porém eu gosto de flores, de sua essência, de suas cores e texturas.
Não gostei das flores inesperadas que recebi em toda minha vida, entendo hoje que as flores nada têm a ver com isso, mas sim a experiência que vivenciei na infância, não gostei das primeiras flores que recebi, mas essas nem existem mais, a não ser plantadas no terreno de minhas memórias infantis.
Autora: Priscila Cavalari de Oliveira
Contos e Autoencontros
A não compreensão e entendimento do mundo interior levam-nos à busca de efetivar meios de auto-observação, para que fiquem visíveis atitudes e sentimentos que nos movimentam. Um dos meios para observarmos nossas movimentações é a descrição do nosso percurso como educador de essencialidades. O texto publicado anteriormente é uma autodescrição resultante de um projeto elaborado pelos Educadores de Essencialidades do Núcleo de Aprendizagem de Birigui do Sistema Tempo de Ser, dentro da atividade do grupo vespertino de Prática de Inteligência Mediúnica. O projeto tem como proposta a exposição ao meio social das repercussões dos estímulos de autoaprendizagem aos educadores de essencialidades nos ambientes do Sistema Tempo de Ser. Durante sua execução, tem sido considerado que o “autoencontro” pode ocorrer a partir da auto-observação e autodescrição dos “Contos” (história imaginada) que permeiam a existência humana.