No 1º Congresso de Educação de Essencialidades, realizado em Bauru, na primeira semana de julho, a educadora Cláudia Carvalho (NA-BRU) apresentou-nos um sensível poema de sua autoria, e aqui revela, em síntese, a experiência do que a levou ao ato da criação. Confira!
Chega o dia em que cada um é conclamado, por uma força interna, a percorrer os escaninhos de seu mundo íntimo e a devassar seu inconsciente.
Abre-se, então, uma clareira e, do mirante mediúnico, é possível observar e recontar sua história. Uma história que traz notícias e fragmentos da história humana.
Nela não há monstros, nem fantasmas, tampouco assombrações ou aberrações de uma noite escura.
Nela encontra-se a forma de ser e viver de uma espécie: seus padrões, mecanicismos e submissões.
E na compreensão da plataforma de manifestação humana é possível dela servir-se para objetivos atingir.
Onde outrora a obscuridade, nasce o caminho do entendimento.
Onde a dor de ignorar, surge a presença de si mesmo!
Vai inteligência, desbrava teu universo interior,
Penetra nos escaninhos da tua história,
Transpõe teus medos e crendices, e desmitifica os fantasmas infantis.
Atravessa a noite escura do desconhecimento
e ousa acender os clarões de uma vida autoconsciente, apta a dirigir a si mesma.
Os caminhos da busca por si mesmo!
Por volta dos meus 35 anos, vivenciei uma crise de insatisfação e ausência de sentido. Senti-me perdida em meio a inquietações e sintomas para os quais não encon-trava explicação. Surgia uma necessidade ainda não nomeada: conhecer-me. E quando surge a necessidade, nasce o movimento. Um movimento que me reuniu a outros tantos seres que também desconheciam a própria necessidade, mas sentiam sinais e sintomas que os arremessavam à busca de algo ainda inédito: à busca de si mesmos! Fomos tateando, reconhecendo e identificando as próprias necessidades e direcionando nossas buscas.
No caminho, deparei-me com a criança que fui e quedei-me à necessidade de percorrer os escaninhos de minha história, desvendando e enfrentando os fantasmas e monstros da infância, devassando a pessoa constituída em tenra idade para compreender a humana-idade. A jornada para fazer-se presente frente à existência e assumir, autoconscientemente, a direção dela é árdua. Vencer a cegueira e sair da obscuridade de si mesmo leva tempo e exige disposição reiterada.
Nestes doze anos de caminhada tenho aprendido a sensibilizar-me pela dor que a ignorância produz. O desenvolvimento da capacidade de me observar oportunizou um olhar mais atento para outros tantos amigos, em meio a suas próprias buscas e transposições, e do mais profundo de mim mesma nasce o reconhecimento a cada um que ousa desvendar-se e inicia sua jornada para acender os clarões da autoconsciência. Dedico este poema a estes bravos guerreiros que ousam travar a sua maior batalha: desvendar seu mundo íntimo.
Cláudia Carvalho – NA-BRU