Quando o indivíduo percorre o caminho do autoconhecimento, cria uma ponte onde transita do inconsciente para a autoconsciência. O percurso é único. A ponte é singular. Cada um, em si mesmo, é ponte e é caminho.
As imagens abaixo, de uma ponte japonesa, são quadros do talentoso pintor impressionista Claude Monet. Com sua sensibilidade registrou, através de sua arte, a mesma ponte, a mesma paisagem em diferentes momentos do dia buscando retratar a mudança de luz e de clima.
Considero essa uma metáfora do processo de autoconhecimento: seremos sempre a mesma ponte, porém temos potência para vê-la e observá-la em diversas nuances.
Nesse caminho, que não é linear, e que talvez se pareça com um labirinto de espelhos, toparemos com nossas habilidades e nossas tendências. O que sentiremos diante de cada uma delas? Não sabemos. Só poderemos saber a partir da vivência de cada um desses possíveis encontros. Nosso sentir guardará, sempre, a preciosa oportunidade de aprendermos a autoacolher-nos.
Caso essa aprendizagem seja negada, o percurso será interrompido. Dar a mão para si mesmo e dizer “eu posso sentir o que estou sentindo”, “eu estou aqui – diante de mim – e não me abandonarei”, “se eu posso ver o que vejo em mim, eu posso acolher o que vejo”, permitirá a continuidade da caminhada.
Autoacolher-se é uma forma valiosa de exercitar o amor próprio. Quando acolhermos o que revelamos a nós mesmos, a respeito da unidade que somos, poderemos acolher o todo.
Esse será um tempo em que nossas pontes se encontrarão, inevitavelmente, de forma ética, digna e cordial.
A propósito: na luz e no clima do agora, qual a nuance que podes ver na ponte que és e que te revela?
Renata Truffa
21 de outubro de 2016