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Os maiores mistérios da vida residem dentro do ser humano, vamos desvendá-los? Acompanhe nossas dicas, informações e filosofia sobre o assunto.

Da Aprendizagem para a Autoaprendizagem

As sinapses se desenvolvem com a convivência e a interação com o ambiente, para suprimento de necessidades de manutenção da vida. *

KH1Com base no conteúdo “Processo da Aprendizagem” da atividade de área “Mediunidade, Vida e Sensibilidade”, desenvolvido no mês de novembro, no Núcleo de Aprendizagem de São José dos Campos, do “Sistema Tempo de Ser”, o EducArte traz estímulos para uma viagem à intimidade do personagem de O Enigma de Kaspar Hauser. O filme foi destaque na atividade como exemplo da importância das experiências por que passa um indivíduo desde o seu nascimento, por meio do convívio e do ambiente, para o processo de desenvolvimento da aprendizagem, que irá refletir na fase adulta para entendimento em sua autoaprendizagem.

A forma como Kaspar Hauser compreende o mundo e se relaciona com ele indica que a percepção depende sobretudo da prática social. Sabemos que, do nascimento à adolescência, Kaspar esteve isolado de qualquer contexto ou prática social. O que podemos verificar no seu percurso de desenvolvimento psicológico é que, a despeito da ação da linguagem (adquirida na fase adulta) ou de um eventual “potencial” inato, Hauser não consegue captar o mundo como o faz a sociedade que o cerca. Ou seja, decodifica à sua maneira a significação do mundo, com uma lógica diferente da estabelecida. Fica evidente, então, que o seu sistema perceptual está desaparelhado de uma prática social necessária para gestar o referencial cultural de interpretação da realidade.” *

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É necessário entender os caminhos percorridos para a constituição da visão de mundo e de si mesmo. *

KH3O filme O Enigma de Kaspar Hauser, dirigido por Werner Herzog em 1974, narra a história real do misterioso homem encontrado na praça pública de Nuremberg – Alemanha –, em 1828, com apenas uma carta destinada ao oficial da guarda. É nesse cenário, da Alemanha do século XIX, que a trama do filme se desenrola e traz muita reflexão para todos.

Essa é uma história que possibilita diversos focos de discussão, sejam eles no campo filosófico, psicológico, sociológico, cognitivo e outros. Apesar das diversas possibilidades de pontos a serem abordados, detenho-me nas consequências do isolamento que Hauser vivenciou. Kaspar Hauser viveu enclausurado durante grande parte de sua vida, sendo alimentado por um homem misterioso, que lhe dava apenas pão e água – motivo pelo qual, mais tarde, Hauser não consegue comer carne e beber álcool –, cresceu sem ter contato social, privado da linguagem e atividade motora, sendo assim, não desenvolveu muitas características sociais. Não tinha noção de verticalidade ou horizontalidade. Não sabia discernir sonho e realidade.

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Segundo Borges e Salomão (2003)** a linguagem é uma das primeiras formas pela qual o indivíduo se socializa, além disso, é através dela que é possível à criança ter contato com vários aspectos sociais, antes mesmo de aprender a falar. E é justamente nesse ponto que Hauser sofreu grande déficit, pois o isolamento ao qual foi submetido impediu-o de ter acesso à linguagem e, consequentemente, ele teve que passar, posteriormente, por um processo de aprendizagem intenso, aprendendo em pouco tempo o que poderia ter aprendido ao longo da sua vida.

O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida.*

KH4Apesar de Hauser ter vivido por muito tempo sem contato com outras pessoas, sem contato com a linguagem, sua capacidade de aprender permaneceu. Isso é perceptível, pois ao passar a viver em sociedade ele foi aprendendo a falar e a agir de acordo com os parâmetros sociais do contexto em que estava inserido. Essa aprendizagem trouxe resultados a longo prazo, pois tudo lhe era desconhecido, estranho e de difícil compreensão. Logo, o que uma criança poderia aprender em menos de um dia, Hauser levava mais tempo para aprender. O desenvolvimento tardio trouxe-lhe alguns prejuízos, porém, ainda assim, ele foi capaz de pensar, sentir, aprender.

O Enigma de Kaspar Hauser não é apenas um filme contando a história de um homem que viveu socialmente isolado, é também um filme que retrata a importância da interação social, da convivência com a linguagem, mostrando que apesar da subjetividade humana e das características individuais de cada sujeito, o desenvolvimento é possível através da socialização, da dinâmica entre organismo e ambiente. ***

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Fontes:

* “Mediunidade, Vida e Sensibilidade” (MVS) / 15-11-2015 / https://tempodeser.org.br/nasjc/cursos/mvs/conteudo/2015_11_12/inicio

** BORGES, L. C.; SALOMAO, N. M. R. Aquisição da linguagem: considerações da perspectiva da interação social. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 16, n. 2, 2003.

***http://ulbra-to.br/encena/2014/05/05/Linguagem-e-Desenvolvimento-em-Kaspar-Hauser

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