Gostaria de expressar o meu sentir em relação à autodescrição, na qual terei que descrever sobre “A zona proibida, onde pai e mãe são homem e mulher”. Senti um medo muito grande (pavor, incapacidade), fiquei totalmente desestabilizada (emocional e fisicamente), primeiro pela dificuldade que tenho de escrever sobre qualquer assunto, de não conseguir fazer tudo “certo” e ser julgada (o que os outros vão pensar, ou falar, medo da condenação, ou seja, papai e mamãe), pois não me dou o devido valor, sinto não ser capaz, competente e habilidosa, sou totalmente insegura, já que não tenho opinião própria e necessito da aprovação dos outros e também pelo tema em si em que, em minha formatação, a sexualidade (sexo) sempre foi um tabu, algo proibido, inibidor, constrangedor. Mas mesmo em pânico vou tentar. OK! Desafio.
Desde pequena, meus pais me ensinaram – baseados em seus conceitos e crenças – o que era certo ou errado; não podia mexer ou pegar as coisas dos outros, fazer má-criação, reprovar-se no ano escolar, fumar, usar bebida alcoólica, andar em más companhias e tudo o que para eles era considerado proibido. Em relação ao assunto “sexo” era bem constrangedor, não se falava muito, era coisa de adulto. Fui descobrindo por curiosidade, com amigas, na escola, e meus pais costumavam esconder em lugares ocultos algumas revistinhas proibidas, que eu tinha costume de olhar escondido.
Às vezes, do meu quarto, ouvia meus pais tendo relação sexual, lembro-me de sentir um desejo que não entendia, mas, ao mesmo tempo, muita raiva, pois a educação recebida não admitia o desejo sexual.
Todo esse desejo contido fez com que eu me travasse em relação à sexualidade (sexo), tornando essa zona proibida ainda mais proibida. O assunto tornou-se cada vez mais constrangedor, mas o desejo estava ali escondido. No namoro tinha muito medo de ir além (relação sexual), então me travava. Casei-me virgem e por muito tempo não senti prazer na relação sexual, sentia vergonha de conversar com meu marido sobre o assunto e considero que foi por conta dessa educação proibida (desejo contido).
Mesmo tendo informação de que o relacionamento sexual entre um homem e uma mulher tem como consequência a gestação e, posteriormente, o surgimento de um recém-nascido, conceituado como filho, como imaginar meu pai homem – macho e minha mãe – fêmea dele, afinal para os filhos os pais não praticam sexo.
Hoje, com os estímulos dos ambientes do Sistema Tempo de Ser (STS) já consigo considerar que a sexualidade é permeada pela fantasia e desejo de uma relação entre homem e mulher e pelo desenvolvimento da sensibilidade, como também consigo olhar meus pais como homem e mulher e que, quando eles tiveram um relacionamento sexual, fui concebida, começou a formação de um corpo, ou seja, “meu corpo, é produto do ato sexual entre meus pais”.
Educadora: Alessandra Passelli Careta
Núcleo de Aprendizagem de Birigui
Contos e Autoencontros
A não compreensão e entendimento do mundo interior levam-nos à busca de efetivar meios de auto-observação, para que fiquem visíveis atitudes e sentimentos que nos movimentam. Um dos meios para observarmos nossas movimentações é a descrição do nosso percurso como educador de essencialidades. O texto publicado anteriormente é uma autodescrição resultante de um projeto elaborado pelos Educadores de Essencialidades do Núcleo de Aprendizagem de Birigui do Sistema Tempo de Ser, dentro da atividade do grupo vespertino de Prática de Inteligência Mediúnica. O projeto tem como proposta a exposição ao meio social das repercussões dos estímulos de autoaprendizagem aos educadores de essencialidades nos ambientes do Sistema Tempo de Ser. Durante sua execução, tem sido considerado que o “autoencontro” pode ocorrer a partir da auto-observação e autodescrição dos “Contos” (história imaginada) que permeiam a existência humana.