A vida é realmente como a enxergamos pelo sentido visual? É exatamente da forma como a sentimos pelo tato? Os melhores cheiros são, de fato, aqueles com que entramos em contato através do olfato? Na dita vida, o que mais gostamos de comer realmente é a nossa predileção? Assim, fechando esta reflexão inicial, por que nem tudo que escuto ou ouço me agrada?
Desta forma, o que realmente vem a ser a VIDA? Como ela realmente é?
Compartilho aqui uma pequena amostra daquilo que já consegui entender sobre as ações e sentires que possuo durante esta estada denominada VIDA.
Filho caçula de uma família pobre, mãe – do lar, pai – contador, avô paterno – chefe de estação, avó paterna – do lar, avô materno e avó materna – trabalhadores rurais e um super irmão. Esta é minha base, meu alicerce, o grau dos óculos com que, por muitos anos, enxerguei e senti a vida com exclusividade total. Aqui deixo registrada minha gratidão, pois não fossem os conceitos, princípios e estímulos recebidos, não teria chegado neste momento – poder enxergar, sentir, cheirar, tocar e ouvir, além desta base construída e formatada no meu período infantil. Muito obrigado!
Minha infância foi marcada por doenças das mais variadas formas, sendo o carro-chefe a bronquite, crises intensas e constantes. Mas, que criança não passa por estados doentios, não é mesmo?
Concordo, mas através destas doenças eu, inconscientemente, me alimentei da atenção de minha mãe, e ela supria, através dos cuidados para comigo, suas necessidades emocionais. Isso se tornou um circuito fechado, pois essa situação perdurou até meus quinze anos de idade, quando dormia ainda com ela, com a falsa impressão de ter medo do mundo e de todos.
Após essa idade já não foi mais possível permanecer ali em seu quarto, pois os sinos da adolescência e dos hormônios já soavam muito alto e fui para meu quarto.
Não foi tão simples realizar o desvínculo. Um ano após, entrei em uma profunda depressão. Não conseguia entender na época, mas hoje percebo que era mais uma vez aquela criança tentando chamar a atenção da mãe. Utilizou mais uma vez como ferramenta o estado doentio, visto que a bronquite havia sido superada desde os 12 anos de idade, graças ao esporte, natação e basquete, estímulos vindos de meu irmão.
Esse estado depressivo durou aproximadamente dezoito meses, e o que ficou de resquício foram constantes infeções de garganta, de que não entendia o porquê.
Graças aos estímulos do Sistema Tempo de Ser e a todos os educadores de essencialidades que caminharam e caminham nesta estrada do autoconhecimento, graças à minha companheira e esposa Camila, que também tanto me estimula nesta caminhada, realizei e continuo realizando o exercício da auto-observação, o que resultou em autoconhecimento. Por muitos anos enxerguei e senti a VIDA simplesmente desta forma, de que era uma pessoa doente, condenada a ser fraca e dependente emocionalmente de um terceiro e que a cada dificuldade, de qualquer ordem, material ou emocional, utilizava a doença como forma de estar virtualmente e sentimentalmente nos braços ou no colo de minha mãe, ganhando seus cuidados e atenção independentemente da idade. Após poder ver esta forma de funcionar, hoje posso afirmar que raramente fico doente e que acredito mais em mim, e este acreditar mais em mim é acreditar que posso ir além dos meus limites e limitações.
Enxergar meu funcionamento, e ver a vida como ela é, é poder dar passos além dele que – friso aqui – não é algo ruim ou bom, simplesmente é. E entendê-lo é o ÚNICO objetivo desta curta estada neste planeta.
Hoje vivo cada dia como se fosse o último e considero que minha Morte é uma realidade que pode acontecer hoje, amanhã ou daqui a alguns anos. Isso também é a vida como ela é.
E finalizo este relato em forma de lápide.
Aqui jaz aquele que, nos registros humanos, consta como PAULO DE TARSO ALVES BARBOSA, que, em vida, morreu e nasceu para a vida como ela é!
Educador: Paulo de Tarso Alves Barbosa
Núcleo de Birigui
Contos e Autoencontros
A não compreensão e entendimento do mundo interior levam-nos à busca de efetivar meios de auto-observação, para que fiquem visíveis atitudes e sentimentos que nos movimentam. Um dos meios para observarmos nossas movimentações é a descrição do nosso percurso como educador de essencialidades. O texto publicado anteriormente é uma autodescrição resultante de um projeto elaborado pelos Educadores de Essencialidades do Núcleo de Aprendizagem de Birigui do Sistema Tempo de Ser, dentro da atividade do grupo vespertino de Prática de Inteligência Mediúnica. O projeto tem como proposta a exposição ao meio social das repercussões dos estímulos de autoaprendizagem aos educadores de essencialidades nos ambientes do Sistema Tempo de Ser. Durante sua execução, tem sido considerado que o “autoencontro” pode ocorrer a partir da auto-observação e autodescrição dos “Contos” (história imaginada) que permeiam a existência humana.