“O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.” – Protágoras.
Nascido em Abdera, na Grécia, Protágoras apresentou um pensamento marcado pela ideia de que qualquer ponto de vista anuncia uma verdade subjetiva. O que o sofista – professores que ensinavam a arte da retórica em vista da vida política – defende é uma visão relativista da verdade, questionando a condição absoluta da verdade.
Ora, qual a minha verdade? Qual a sua verdade? O quanto podemos afirmar que a sua verdade é a minha e vice-versa? Qual a medida da minha verdade?
Partindo do termo Grego Alétheia, que significa verdade como desvelamento, a verdade é algo que se põe à vista, que se manifesta. Visto deste modo, quando alcanço algo, que identifico como verdade, significa que algo que estava invisível se torna visível.
Uma palavra desconhecida, quando conhecida, passa a ser identificada em diversos textos, ampliando os significados e termos do nosso vocabulário. Um alimento desconhecido, quando conhecido, revela sabores, cheiros e cores. Pessoas que frequentam os mesmos ambientes, às vezes durante anos, só passam a ser visíveis quando as conhecemos – é até natural nos questionarmos, mas como não as víamos?
O Fato é que invisibilidade não quer dizer inexistência, ou seja, a existência é um fenômeno que se manifesta na exata medida do nosso desconhecimento e do conhecimento que conseguimos construir.
Se a vida se manifesta na exata medida do que cada um é, então, cada um alcança a vida sob o próprio prisma. Cada um de nós enxerga dentro dos limites de nossa condição humana. Cada um é a medida de todas as coisas que são, enquanto são, e das que não são, enquanto não são.
A proposição de Protágoras revela uma necessidade fundamental, que, para conhecer o universo humano, são fundamentais ambientes e métodos que revelem a exata medida da subjetividade dos indivíduos, da parcela humana que nos manifesta.
Eis, porém, o desafio: somente o próprio indivíduo pode revelar a “ciência exata” de sua dimensão subjetiva. Exatamente porque a verdade subjetiva é o patrimônio constituído e inerente a cada ser, acessado somente por si mesmo. Isso nos leva a uma proposição lógica, se acessado só por si mesmo há uma medida única para cada indivíduo – a medida da unidade.
Qual a medida da minha unidade? O quanto essa medida é capaz de revelar a minha própria verdade? Nesse ponto, é impossível desconsiderar o homem como a única medida capaz de revelar a unidade. Sendo, por isso, o método a partir do qual o autoconhecimento se justifica como uma necessidade prática e pedagógica para conhecer a medida da humanidade que nos manifesta no dia a dia – sua funcionalidade, necessidades, comportamentos.
Se o homem é a medida de todas as coisas, como afirmou Protágoras, certamente todas as coisas se manifestam na exata medida do desconhecimento e conhecimento de minha própria condição humana.
Fabiano Fidelis de Souza,
Filósofo e Educador de Essencialidades do Sistema Tempo de Ser.