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Os maiores mistérios da vida residem dentro do ser humano, vamos desvendá-los? Acompanhe nossas dicas, informações e filosofia sobre o assunto.

A ética consigo: uma relação possível?

Normalmente associamos o termo “ética” à conduta humana, em especial no relacionamento com o outro. Contudo, como no Sistema Tempo de Ser o foco de atenção é o ser em si, fica a pergunta: seria possível uma relação ética consigo mesmo?

É em cima desta questão que teceremos as seguintes palavras.

I – Considerações sobre o autoconhecimento

O que sou?

A questão é antiga e cala em nosso interior. A ela se somam, entre outras: o que faço aqui? Qual o sentido da existência?

A inteligência humana deve decifrar-se, ou seja, compreender a força humana em si mesma. Isso quer dizer que ela é o próprio enigma que tenta decifrar, sob o risco de ser devorada pela angústia de viver, sem se definir (COSTA; WILDEMBERG, 2012).

Quando o homem, buscando respostas, passa a interessar-se por si mesmo, tornando-se seu foco de observação, ele deixa de atribuir ao sobrenatural, (fora dele), as causas do que vive, e passa a buscar essas causas internamente: o homem é o grande fenômeno a ser investigado.

Somos uma psique em um corpo fisiológico. O cérebro é imprescindível para fazermos o autoconhecimento, para decifrarmos o homem que manifestamos. Entender o funcionamento do cérebro é entender a si mesmo:

“Da mesma maneira que o cosmo é maior do que imaginamos, nós mesmos somos algo maior do que intuímos por introspecção. Agora estamos obtendo os primeiros vislumbres da vastidão do espaço interior. Este cosmo interno, oculto e íntimo, coordena suas próprias metas, imperativos e lógica. É um órgão que parece alheio e exótico a nós, e no entanto seus padrões detalhados de conexão esculpem a paisagem de nossa vida interior. Que obra-prima desconcertante é nosso cérebro, e que sorte temos de pertencer a uma geração com tecnologia e vontade de voltar nossa atenção para ele. Esta é a coisa mais maravilhosa que descobrimos no universo, e somos nós.” (EAGLEMAN, 2012)

Identificamos como premissas para o processo de autoconhecimento:

  1. a) o reconhecimento de que não me conheço: “eu não sei sobre mim”;
  2. b) a necessidade de duvidar das crenças que me moveram até então e que eram verdades para mim; e,
  3. c) a percepção de que sou um autômato, comandado por um cérebro moldado por pressões evolutivas, iludido de que estou no comando.

No Sistema Tempo de Ser o autoconhecimento é identificado como necessidade evolutivo-progressiva. Se não me conhecer serei devorado pela angústia de viver sem saber o que sou.

II – Considerações sobre o Inconsciente

Quanto ao inconsciente, tecemos de forma sintética que:

  1. a) inconsciente individual é a estrutura psíquica em que está o registro das experiências individuais do ser que estão “esquecidas”. O que foi vivido pelo homem na formação da pessoa, no contato com os educadores (pais) e meio e foi reprimido da consciência do indivíduo; e
  2. b) inconsciente coletivo é a estrutura psíquica em que está a reserva de milhões de anos de experiências, onde as múltiplas etapas de desenvolvimento foram se somando para formar um arcabouço que, praticamente, cria um universo de símbolos.

O processo de autoconhecimento necessariamente passará por tornar consciente o inconsciente. Mas, qual seria a ferramenta para fazer o autoconhecimento?

III – O Auto-observador

Vivemos um momento de transição em que, através do homem manifesto, a psique já consegue colocar-se como observadora. Observadora de quê? – Do próprio homem que a manifesta.

Este momento de transição do homem define uma transição da própria crença, antes vinculada ao âmbito religioso, em que o homem é finito e a morte lhe possibilita a revelação, o acesso ao mundo espiritual. Hoje, temos uma nova crença: de que não é preciso que o homem morra para revelar-se, porque o universo a ser revelado é a sua própria intimidade, que o aprisiona por ser desconhecida.

O que diferencia essa nova etapa de consciência é o desenvolvimento da inteligência mediúnica, “a capacidade de o indivíduo sentir, observar, identificar e compreender, conscientemente, seus fenômenos psicológicos (padrões de comportamento, sentimentos e emoções), podendo, com isso, antecipá-los e coordená-los” (COSTA; WILDEMBERG, 2012).

A psique faz-se presente e, embora coletivamente, começa a sentir a unidade em si.

Logo, nessa transição alteram-se as crenças, de caminhos imaginários e ilusórios para intermediários: o homem, que antes acreditava que um ser superior responderia tudo, passa a ver-se como a ferramenta para dar-se essas respostas.

E na relação de auto-observação, seria possível a ética consigo mesmo?

IV – A Ética Consigo: uma relação possível?

A etapa de transição acima referida, do homem ao auto-observador, é marcada pelo início do processo de autoconhecimento, e tem como resultado a autoconsciência psíquica, com a psicoadaptação à pessoa manifesta.

Assim, a psicoadaptação é a consequência do autoconhecimento, possibilitando a adaptação ao homem que sou e, consequentemente, sua condução, com a gerência dos recursos de forma autoconsciente e formação de relações equilibradas, em que cada um respeita o seu direito e o do outro de saber o que se é.

Ao relacionar-se em grupo, o homem projeta-se (a si mesmo) no outro, como produto da busca inconsciente por conhecer-se.

O auto-observador começa a investigar os processos projetivos, pois sua busca é de conhecer-se e ir além dos condicionamentos. Esta etapa ocorre intimamente, sendo essencial a convivência em grupo.

Como esclarecido no início, a ética é tida como a ciência que estuda a conduta humana, geralmente com o foco voltado para o relacionamento com o outro. O auto-observador compreende que não vive só, ao contrário, depende da convivência com seus pares e com a natureza planetária para continuar a exercer o seu potencial de saber.

Contudo, para o aprofundamento em si mesmo é essencial a ética consigo, caracterizada por:

1 – consideração de que é necessária a convivência com o outro para exercer-se o potencial de saber sobre si mesmo, consequentemente, o outro é um potencial parceiro de desenvolvimento do autoconhecimento;

2 – desenvolvimento de olhar atento a si mesmo, identificando as características da espécie humana pertinentes ao homem que manifesta; e,

3 – Autodedicação e autocompromisso, investimento de tempo e esforço.

O resultado do autoconhecimento será, portanto, o surgimento de uma gestão de recursos mais aprimorada, bem como uma concentração maior dos indivíduos em torno de seus objetivos, tornando as relações mais conscientes. Isso, porém, como efeito de uma relação ética consigo mesmo, caracterizada pela postura do auto-obervador.

 “Se é tempo de ser, é tempo de aprender a olhar a vida como ela é. E a vida não é como os sonhos; ela é real.

A vida não é ontem. Ela é agora.

A vida não será amanhã. Ela é neste instante, que você precisa estar em si mesmo para poder perceber, em tempo real, a vida que vive!” (Atividade Institucional: Fases Existenciais e o Educador de Essencialidades, maio de 2015)

Por: Daniela Ferreira e Maritza Andrade – Educadoras de Essencialidades do Sistema Tempo de Ser

4 comentários em “A ética consigo: uma relação possível?”

  1. muito bom artigo um pouco de lucidez sobre nossa cegueira perante o humano em mim constituído sei de tudo menos das angustias e duvidas sobre a maneira que me relaciono com este desconhecido que vejo no espelho.
    parabéns e continuidade nesta busca

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